Conhecer a verdade sobre o islamismo destruiria a esquerda.
O maior erro intelectual da esquerda é sua convicção de que
o mundo pode ser dividido em uma luta binária pelo poder, na qual ambos os
lados concordam a respeito de sua natureza, mas discordam a respeito de seus
resultados.
Para os esquerdistas de uma determinada geração, era um
problema de classes. Marx começou o Manifesto Comunista esquematizando uma luta
fundamental de classes por toda a história humana. Para os marxistas, todas as
coisas do mundo poderiam ser desmembradas em uma luta de classes, com os
opressores ricos de um lado e os oprimidos de outro.
Não importava que esse modelo não se encaixasse na realidade
de que os líderes comunistas haviam vindo de ambientes ricos e seus oponentes
provavelmente eram pobres camponeses. Para a esquerda, todas as coisas são
definidas pelo modelo. A realidade é uma inconveniência que é suprimida através
dos gulags* ou dos esquadrões de fuzilamento.
Atualmente, a variável é a política de identidade. Tudo deve
ser interseccional. Há aqueles que ficam do lado direito da história, a favor
do aborto, do casamento gay e da imigração ilegal. Todos os que não estiverem a
bordo são racistas, mesmo que forem negros ou latinos; sexistas, mesmo que
sejam do sexo feminino; ou homofóbicos, mesmo que sejam gays. Novamente, a
realidade não interessa. A luta binária é o modelo para tudo.
A esquerda acredita que haja uma luta binária a respeito do
futuro da humanidade com somente dois lados. Ela não entende como a direita de
fato pensa, e ela não tem espaço para entender sistemas de crenças igualmente
convincentes que funcionam fora desse modelo.
É aí que entra o islamismo. Ou não entra.
A esquerda jamais foi capaz de entender a religião. Ela não
é tão secular ou ateísta quanto é consumida por um convincente sistema de
crenças próprio que não deixa nenhum espaço para a convicção religiosa.
A esquerda não consegue entender nada em termos do que uma
determinada coisa seja. Ela só consegue entender as coisas em termos de si
mesma. A esquerda não consegue entender a religião nos termos da religião, mas
somente nos termos de como a religião se encaixa na esquerda.
Incapaz de entender religião, a esquerda atribui à religião
um lugar baseado em seu alinhamento na luta. Seria a religião uma força
reacionária que sustenta a ordem existente ou uma força progressista que se
opõe a ela? A religião está trabalhando com as classes dominantes ou com os
oprimidos? A religião está ao lado da esquerda ou ao lado da direita?
O islamismo é racista, sexista, xenofóbico e homofóbico.
A Fraternidade Muçulmana, que se tornou a aliada islâmica
mais próxima da esquerda, foi politicamente influenciada pela Alemanha nazista.
Seus líderes ficaram indignados com o fim do feudalismo do califado e mantêm
extensas redes de negócios em todo o mundo. Eles incitam revoltas contra as
minorias e buscam estabelecer uma teocracia.
Se existe uma organização muçulmana que deveria ser um
modelo de grupo reacionário, fascista e fundamentalista, essa organização é a
Fraternidade Muçulmana. Mas, em vez disso, a esquerda vive de aconchego com
esse grupo violento e odioso. Por quê?
Porque no Ocidente a Fraternidade Muçulmana está alinhada
com suas causas progressistas. Portanto, ela não pode ser reacionária. Se a
Fraternidade Muçulmana fosse alinhada com os conservadores, então ela seria o
inimigo.
Assim, os progressistas não se importam com o que diz o
Corão. Ele não significa nada para eles, assim como a Bíblia não significa nada
para eles. A religião está do lado da justiça social ou não está. Como os
muçulmanos são parte de sua gloriosa coalizão interseccional multiforme, então
o islamismo deve ser uma religião boa.
É assim estupidamente simples. E não há quantidade de
citações do Corão que fará com que isso mude.
Há nisso um forte elemento de cinismo. O inimigo do meu
inimigo é meu amigo. Mas há também uma inabilidade mais profunda da esquerda em
entender o islamismo e qualquer outra ideologia que esteja fora de sua visão de
mundo.
A esquerda reagiu ao surgimento do ISIS com uma incoerência
frenética. Os esquerdistas literalmente não conseguiam entender o que fez com
que o Estado Islâmico progredisse, porque ele não se encaixava em nenhum dos
modelos políticos esquerdistas. O ISIS não podia existir, entretanto, não havia
como negar sua existência. E assim, os intelectuais e os políticos esquerdistas
gaguejaram que os membros do ISIS eram niilistas, que não acreditavam em nada,
embora ninguém se exploda por não acreditar em nada.
[Segundo a esquerda,] os terroristas muçulmanos não matam as
pessoas por causa de Alá, do Corão ou do Califado. Isso não se encaixa no
modelo. Eles matam porque, como todos os povos do Terceiro Mundo vitimizados
pelo colonialismo, são oprimidos. Um terrorista muçulmano não mata judeus ou
americanos porque o Corão ordena que os fiéis subjuguem todos os não
muçulmanos. Um migrante muçulmano não ataca sexualmente mulheres alemãs porque
o Corão permite que o faça.
Estas são todas reações à opressão ocidental. Os opressores
muçulmanos são, na verdade, os oprimidos.
Os progressistas não se importam com o que diz o Corão. Ele
não significa nada para eles, assim como a Bíblia não significa nada para eles.
Mas o Estado Islâmico matou outros muçulmanos para
estabelecer um califado governado pela lei islâmica. Os muçulmanos oprimidos
estavam subitamente agindo como os perversos opressores ocidentais. E, se os
muçulmanos podem ser opressores, então todo o modelo binário que a esquerda
estava usando para explicar o mundo começa a desabar.
Quando a esquerda se levanta contra as inconsistências de
seu modelo binário, ela não revisa o modelo. Ao contrário, tenta entender o
motivo pelo qual as pessoas estão agindo tão irracionalmente que não se
enquadram no modelo. Por que os brancos pobres da área rural não votam na
esquerda? Deve ser porque ouviram programas de rádio conservadores e por
racismo. Como pode haver minorias conservadoras? Falsa consciência. Também,
pudera, Thomas Sowell e Stacey Dash não são “de fato” minorias.
O islamismo e os muçulmanos estão fundamentalmente fora do
modelo da esquerda. Eles são parte de sua própria luta binária entre o
islamismo e tudo o mais que existe. Eles têm seu próprio “lado certo da
história”.
O islamismo e a esquerda, ambos, reivindicam ter sistemas
“perfeitos” que podem criar uma utopia... depois de um monte de matanças. Eles
estão alinhados um com o outro, todavia são incapazes de entender um ao outro
porque suas visões de mundo não deixam espaço para nada além de seus modelos
perfeitos. Os esquerdistas desprezam os fundamentalistas e os islâmicos
desprezam os ateus e, mesmo assim, eles estão trabalhando juntos enquanto um
ignora aquilo em que o outro crê.
A esquerda não consegue processar a ideia de que a religião
transcende a política. Na melhor das hipóteses, os esquerdistas veem a religião
como um subconjunto da política. E como o islamismo toma a forma de seu eixo político,
ele deve ser progressista. Mas, para os muçulmanos, a política é um subconjunto
da religião. A política não pode transcender a religião porque ela é uma
expressão da religião.
Os esquerdistas não entendem a religião e, por isso, não
conseguem entender os muçulmanos. Eles veem o islamismo como outra religião a
ser trazida para dentro de sua esfera de influência para promover a justiça
social aos seus seguidores. Eles não conseguem entender que os clérigos
muçulmanos não se tornarão pregadores da justiça social, ou que os muçulmanos
matam porque acreditam genuinamente em Alá e em um paraíso para os mártires.
Essas ideias são estranhas aos esquerdistas.
Os esquerdistas não conseguem entender que os clérigos
muçulmanos não se tornarão pregadores da justiça social, ou que os muçulmanos
matam porque acreditam genuinamente em Alá e em um paraíso para os mártires.
A aliança entre o islamismo e a esquerda coloca juntas duas
visões de mundo de mentalidade bem limitada. A esquerda não consegue reconhecer
que o islamismo quer algo diferente de casamento gay, direito ao aborto,
salário mínimo de 15 dólares por hora, empregos verdes, e todo o restante da
infindável agenda de justiça social, pois o colocaria do mesmo lado dos
republicanos e do restante da direita. E isso também não é assim, mesmo.
A esquerda não precisa desistir de suas crenças para
entender o islamismo. Mas ela teria que abandonar seu pensamento binário e
reconhecer que houve e há outras lutas no mundo, diferentes daquelas que os
esquerdistas definem. E isto a esquerda não está disposta a fazer porque uma
luta binária é o que torna sua visão de mundo tão abrangente. Se sua visão de
mundo não abranger o mundo, então ela não pode exigir o poder absoluto.
A esquerda não consegue aceitar que sua grande luta é
realmente um desastroso show secundário em um conflito civilizacional maior, ou
que sua agenda não é universal, mas é produto de uma tendência intelectual
particular que tem pouca aplicação fora de sua própria bolha. Assim, a esquerda
continuará rejeitando a verdade sobre o islamismo porque aprender a verdade
sobre ele não somente destruiria sua aliança com o islamismo, mas também
destruiria a própria esquerda. (Daniel Greenfield —
http://sultanknish.blogspot.com — Beth-Shalom.com.br)
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